segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cigana Estrada - Helena Rêgo

(em Homenagem a sua descendência cigana)

Sou filha do Céu e da Terra; irmã da Água e do Ar.
Sou o fogo na Floresta e a branca espuma no Mar.
Sou a Loba; sou a Selva; sou a carícia da Relva;
e a Carroça atrelada.
Sou a beira e o caminho; sou um pássaro sem ninho e
do galho mais fraquinho, todos me escutam cantar!
Sou a menina do Dia e a amante louca da Noite;
sou o alívio e o açoite, e a carne esfacelada.
Sou a abelha rainha, venha provar do meu mel, pois
dentro do meu casulo, Você estará no céu!
Se quer que lhe deixe louco entre um beijo e uma dentada,
me chame de tudo um pouco, mas o meu nome é Sttrada !

Na sombra, eu sou Vaga-lume; na luz, eu sou Mariposa;
sou o inseto que pousa e a lâmpada que é apagada.
Nasci para passar o Tempo e ficar um tempo parada,
mesmo que a vida insista, em me deixar estafada,
vou seguindo, sempre em frente, pois topo qualquer jogada,
todos sabem que existo, pois o meu nome é Sttrada !
Realizo a caminhada; sem precisar me cansar;
percorro vários caminhos; importante é o Caminhar.
Estou aqui, ali e acolá; o que não posso é parar.
Sou casada com o poder de sempre ser encontrada,
aceito qualquer roteiro, me chamam de caminheiro,
mas o meu nome é Sttrada !

Sou a primeira e a última, de todas as desgraçadas.
Honrada ou desprezada; vil ou simplesmente sagrada;
sou o som e o silêncio; sou o choro e a risada.
Sou a eterna abundância; pois sempre dou importância,
para a semente lançada, num solo de doce fragrância,
pois o meu nome é Sttrada !

Sou o Rei e a Rainha; sou o súdito e o reinado;
sou a Coroa e a Forca, o Algoz e o Enforcado.
Uso a máscara da Vida, mas me confundem com a Morte.
Sou o Azar e a Sorte, e, aquela que foi dispensada.
Sou a bandeira da Paz mas me trocam pela Guerra,
na tirania da Terra, me vejo desapontada,
porém, quem me ama não erra, pois o meu nome é Sttrada !

Saindo de um turbilhão; alçando a torre encantada;
me vejo como uma estrela, de Lua e Sol enfeitada.
Com certeza amanhã, estarei acompanhada,
do Anjo que é puro elan, de uma mulher coroada.
Sou a roca, sou o fio, sou tecelã afamada, na teia eu desafio
quem faça a melhor laçada, pois entre a chama e o pavio, eu tramo
a trama esperada, mesmo que seja apenas por uma curta jornada.
Me coloque em sua vida, como uma moça querida, que precisa ser amada;
em troca posso lhe dar, o bem maior deste mundo numa bandeja dourada.
Me traga no coração prá me deixar encantada.
Não me esqueça e me honre com sua gentil chamada,
grite bem alto o meu nome !


Me chame, me chame,

eu sou a

"cigana estrada" !

(São Paulo - SP - 1996)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Mensagem do Povo Cigano:"Segurando as rédeas" - Povo Cigano por Fernanda Luz

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Todos que já viram imagens de ciganos,
os viram frequentemente acompanhados de seu cavalo.
Pois bem, o Povo Cigano, em suas mensagens,
sempre busca afirmar que: só se prossegue se
há consciência do caminho a ser trilhado.
Ainda que você esteja desnorteado,
existem formas várias de se buscar o discernimento:
seja pela fé, seja em terapias, enfim, busque sempre
o melhor a si mesmo.
Apegos excessivos às energias alheias não nos levam a lugar algum.
Persistir reclamando de que alguém o prejudicou só atrai ainda mais energias discordantes para dentro de sua vida.
Mudar é fácil? certamente, não, bem se sabe.
Mas busque agir como na passagem de Sodoma e Gomorra,
em que não se podia olhar para trás, podendo-se virar estátua de sal.
Pois bem, o passado já foi, o presente se configura e se pede ação,
na medida de cada vez melhorar e aprimorar-se como ser humano,
sem apegos excessivos ao passado, ou qualquer que seja a pessoa ou fato.
O Povo Cigano sempre sabe o momento de apagar a fogueira e
seguir seu caminho, subir em suas carroças e seguir em frente!
Não há caminho trilhado, o caminho se faz andando.

Povo Cigano por Fernanda Luz

Lenda - Débora Böttcher

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Sou lenda
porque as lendas são envoltas
em Mistérios e Magias.
São uma criação
dos caminhos da mente,
da vaga imaginação,
da liberação dos silêncios
da alma...

Sou Lenda,
porque as lendas correm livres
junto ao vento,
buscando as vozes
da memória
para que alcancem,
as histórias perdidas no tempo...

Sou Lenda,
pelo desejo incontido
que há em mim,
de tornar possível
o encontro
entre a Lua e o Sol,
diminuindo
o entrave da dor...

Então, sendo Lenda
posso cavalgar pelos sonhos,
velejar pelos mares da sua
saudade,
passear, solta,
pelo seu pensamento...

Sendo Lenda,
posso brincar na sua alegria,
ser parte da sua emoção,
e caminhar,
tranqüila, pela sua ilusão...

Sendo Lenda,
posso escrever
meu nome em sua vida,
e me instalar
no aconchego do seu coração,
como uma sensação
chegando pelo perfume do ar...

Sendo Lenda
posso ser parte de você,
sem você perceber...

Débora Böttcher

DANÇA CIGANA - Eri Paiva

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Em sua indumentária de seda e de brilhante rendado
Dança a cigana feliz com seu passo bem marcado
A música que os bandolins fazem no terreiro ecoar
Prometendo uma noite mágica em festa transformar

O seu gingar atrevido e ao mesmo tempo manhoso
Falando de sedução como um convite amoroso
Arrasta ao seu coração, corações desavisados
Que soltam suspiros de amor, por ela enamorados

Suas mãos em espiral, a mostrar graça e leveza,
Também sabem ler a sorte que os convivas reclamam
Escolhendo dentre estes com quem dividir a cama

E no jogo de cintura, com o seu gingado cigano
Ao companheiro de tal forma inebria de amor
Que por ela enfeitiçado em feiticeiro se tornou